Este carro elétrico perdeu mais R$ 30 mil em 1 ano, segundo Fipe
A ascensão dos carros elétricos no Brasil trouxe uma nova realidade ao mercado automotivo. Entre economia de combustível, incentivos fiscais e apelo sustentável, muitos brasileiros apostaram nessa tecnologia de ponta. No entanto, um fator ainda gera dúvidas: a desvalorização. Segundo a tabela Fipe, referência nacional para avaliação de veículos, um modelo elétrico perdeu cerca de R$ 30 mil em apenas 12 meses. O que explica essa queda tão acentuada?
A tabela Fipe e o mercado de elétricos
A tabela Fipe é o principal indicador utilizado para definir o valor de venda de veículos usados no Brasil. Ela serve como base para concessionárias, seguradoras e revendedores. No caso dos elétricos, o comportamento de preço ainda está em fase de amadurecimento.
Diferente dos carros a combustão, os elétricos sofrem forte influência de fatores como tecnologia embarcada, custo das baterias e o avanço rápido de novos modelos. Isso impacta diretamente no valor de revenda, muitas vezes reduzindo o preço de forma agressiva em pouco tempo.
O modelo que mais desvalorizou em 2024
De acordo com dados da tabela Fipe atualizados até maio de 2025, o Renault Kwid E-Tech teve uma queda impressionante no seu valor de mercado. Lançado com preço médio de R$ 149 mil no início de 2024, o modelo agora aparece cotado a R$ 99 mil — uma desvalorização de mais de R$ 30 mil em um ano.
Esse número chamou atenção por se tratar de um dos elétricos mais acessíveis do país. O Kwid E-Tech prometia mobilidade urbana, baixo custo de manutenção e economia na recarga. No entanto, o mercado reagiu de forma distinta na revenda, penalizando o modelo com forte queda na valorização residual.
Por que a desvalorização foi tão alta?
Existem várias razões que explicam a depreciação acelerada do Kwid E-Tech. Em primeiro lugar, a chegada de concorrentes chineses com preços agressivos, como o BYD Dolphin Mini e o GWM Ora 03, elevou o nível de exigência dos consumidores. Com mais autonomia, tecnologia embarcada e melhor acabamento, os modelos importados acabaram impactando a atratividade de opções como o elétrico da Renault.
Outro fator relevante é a rápida evolução tecnológica dos veículos elétricos. O que era moderno em 2023 já pode parecer ultrapassado em 2025. Isso faz com que carros elétricos de primeira geração sofram depreciações mais severas, especialmente quando não acompanham atualizações de software e conectividade.
O papel da autonomia e da bateria na revenda
A autonomia das baterias é um dos principais critérios de avaliação no mercado de seminovos elétricos. O Kwid E-Tech, com pouco mais de 200 km de alcance, ficou para trás frente a modelos que entregam mais de 300 km com uma única carga. Isso afeta diretamente seu valor de revenda.
Além disso, a durabilidade e o custo de substituição da bateria pesam no bolso. Apesar das garantias oferecidas pelas montadoras, ainda existe uma desconfiança no mercado secundário quanto à vida útil e ao histórico de carregamentos. Esses pontos acabam sendo descontados no valor final, conforme registrado na tabela Fipe.
Comparativo com outros carros elétricos
Enquanto o Kwid E-Tech perdeu mais de R$ 30 mil em um ano, outros modelos tiveram desempenho diferente. O BYD Dolphin, por exemplo, manteve uma desvalorização mais controlada, próxima de R$ 15 mil no mesmo período. Isso se deve à boa reputação da marca, à ampla autonomia e ao acabamento mais robusto.
Já o JAC E-JS1, que também concorre na faixa de entrada, sofreu queda de cerca de R$ 20 mil segundo a tabela Fipe. O modelo ainda enfrenta resistência no pós-venda e dificuldades na rede de assistência técnica, o que contribui para uma desvalorização mais acentuada.
Como a tabela Fipe impacta o consumidor
Para quem pensa em comprar ou vender um carro elétrico, a tabela Fipe continua sendo a principal referência de preço. Ela é usada não apenas em negociações entre particulares, mas também por seguradoras, bancos e concessionárias na formulação de propostas, financiamentos e seguros.
No caso dos elétricos, é fundamental acompanhar mês a mês a variação dos preços. Como o mercado ainda é volátil, as quedas podem ser bruscas, assim como os aumentos repentinos em modelos com alta demanda e pouca oferta no mercado de usados.
Dicas para evitar grandes perdas com elétricos
Uma das formas de minimizar a desvalorização é optar por modelos com maior procura e boa aceitação no mercado. Além disso, manter o carro bem conservado, com revisões em dia e histórico de carregamento organizado, pode ajudar a preservar o valor de revenda.
Também vale considerar a valorização de incentivos estaduais e isenções de IPVA, que reduzem o custo total de propriedade. Em estados como São Paulo e Paraná, essas vantagens fazem diferença ao longo do tempo e podem compensar parte da perda registrada na tabela Fipe.
O futuro da desvalorização nos elétricos
A tendência é que o mercado de elétricos se estabilize à medida que mais modelos cheguem ao Brasil e que as infraestruturas de recarga evoluam. A entrada de montadoras tradicionais e a fabricação nacional de baterias devem ajudar a conter quedas tão agressivas.
Com maior previsibilidade, os preços praticados na tabela Fipe também tendem a acompanhar melhor o comportamento do mercado, oferecendo mais segurança ao consumidor que investe em veículos sustentáveis.
Conclusão: ainda vale a pena comprar um elétrico?
Apesar da desvalorização registrada, os carros elétricos continuam sendo uma escolha inteligente para quem busca economia a longo prazo, menor impacto ambiental e uma condução mais tecnológica. No entanto, é preciso estar atento ao modelo escolhido, à autonomia da bateria e à reputação da marca no mercado de seminovos.
A tabela Fipe é um termômetro importante para avaliar esse cenário. E como vimos, a diferença de um modelo para outro pode ser significativa. Por isso, antes de investir, vale fazer uma análise criteriosa e acompanhar a valorização mês a mês. O carro certo, no momento certo, pode garantir mais retorno e menos dor de cabeça no futuro.
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